domingo, 14 de março de 2010

Saudade =/

Procurei o jeito mais simples, a forma mais concreta e até mesmo a abstrata pra saber o que é sentir saudade...
ainda não encontrei.
E ao que se aproxima, de um texto da Martha Medeiros eu consigo tirar novos olhos:

"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de uma irmã que mora longe. Saudade de uma cachoeira. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber. [...]
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outra, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ela está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...”



...provavelmente o que se sente quando o amor fica, quando provavelmente o coração fica na boca e voce adora imaginar aquela pessoa, mesmo sem ainda ter visto. E que aquela palavra teima sair, pede que fique, pede que volte, pede que não saia mais de perto. Pede como criança boba: "não sai de perto de mim". Quando detalhes, olhares... pausas entre as canções, são meios de disfarçar esse coração na boca, antes daquela palavra louca. E nunca, nunca as palavras, sonetos, poemas, poesias vao te conseguir mostrar totalmente a falta que a falta faz, a falta que a falta deixa, e o cheiro dos lírios no café da manhã. Hoje eu só respiro saudade, mas quem disse que não gosto?

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